sábado, 24 de dezembro de 2011

Neuza Pinheiro




Medo
que um filho adoeça
que uma árvore não cresça
o céu desabe sobre a minha cabeça

Medo
que meu homem não volte
que algum deus se revolte
a lua se canse e desapareça

Medo
que o tempo não baste
que a vida me falte
eu
des
aconteça...



ver reversos

ver-me avesso a conchas
sem mastros
arcabouços

ver-me solto
aprisionando versos

versos
Cães Desiderycus
o Dom de ver
é velho

e num transe
ver-me verme
a grama cravejando orvalhos

ver
é tão vermelho...



aquele rio bem podia ser o meu passado

o meu passado bem podia dar naquela nuvem

aquela nuvem bem podia ser
a minha sombra

a minha sombra
bem podia dar
naquela árvore

aquela árvore
bem podia ser
a minha vida

a minha vida
bem podia dar
naquela fábula

aquela fábula
bem podia ser
a minha história

a minha história bem podia dar
naquela estrela

aquela estrela bem podia ser o meu destino...



cada peça
no corpo do poema
quando se arma o jogo
é alfabeto de chamas
palavra escrita em fogo

significar
é aniquilamento
eu acredito

atributo divino
onde Tudo começa
o Nada Infinito


Neuza Pinheiro
Arapongas – PR (1949)

6 comentários:

  1. fico lendo meus próprios versos em voz alta, quando aparecem assim, de surpresa pelo espaço.E é puro contentamento. Fico muitíssimo grata, poeta.
    abraço sincero.
    neuza pinheiro

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  2. Gostei daqui.
    Bonito, bonito poema.

    Flores.

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  3. me deixa feliz quando gostam dos meus versos, Vanessa.

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  4. Parabéns Neuza. Belos poemas,
    Uma alma dedilhando sua lira,
    Tocando outras almas com poesia,
    Alimentando a solidão de quem
    Também vai versejando na travessia.

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  5. Parabéns Neuza. Belos poemas,
    Uma alma dedilhando sua lira,
    Tocando outras almas com poesia,
    Alimentando a solidão de quem
    Também vai versejando na travessia.

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  6. Querido José J de Azevedo, grande poeta, grande amigo. Fico muito grata.
    Abraço comovido

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